Exagero ou comum? Técnicos analisam bronca de Diniz em Tchê Tchê

A bronca com direito a xingamentos de Fernando Diniz ao meio-campista Tchê Tchê ganhou o noticiário esportivo nos últimos dias. Nas redes sociais, os fãs de futebol também promoveram debate sobre o episódio na última quarta-feira (6/1), quando o treinador do São Paulo disparou série de palavrões ao jogador. Afinal, houve exagero ou é comum discussão como essa em campo? O Metrópoles ouviu técnicos e ex-técnicos para saber deles, comandantes à beira do gramado, a resposta para a pergunta que não quer calar.

Na quarta-feira, durante o duelo Red Bull Bragantino x São Paulo, Diniz não gostou de um questionamento  do volante Tchê Tchê e disparou palavrões contra o jogador: “Não pode mesmo (falar com ele). Tem que jogar, c*. Seu ingrato do C*. seu perninha do c*, mascaradinho, vai se f*”.

A maioria dos profissionais ouvidos pelo Metrópoles acredita que Fernando Diniz passou do ponto. Apesar das discussões acaloradas à beira do gramado serem consideradas corriqueiras por eles, os termos usados pelo comandante do São Paulo foram excessivos. Veja o que disseram:

Mauro Galvão
Ídolo do Vasco, o ex-zagueiro Mauro Galvão, que trabalhou como treinador por pelo menos três temporadas, amenizou a briga: “Sou um pouco do ‘aquilo que é falado no campo, fica no campo’. Ninguém quer desrespeitar ninguém, ninguém quer falar mau do outro. As pessoas estão criando um negócio desnecessário. Não concordo muito como a forma que ele se referiu ao jogador, mas eu sei, até por ter sido treinador, que o cara que está naquela posição fica nervoso, tenso, principalmente quando as coisas não vão bem. São essas discussões que podem acontecer. O que saiu do normal é que se ouviu mais, mas acho que é situação de jogo. Agora, o Diniz tem que ter cuidado. Como é um treinador, líder do campeonato, está sendo mais visado. Muitas vezes a gente não sabe o que está acontecendo. Enfim, eu não levaria para o lado pessoal, até porque o Tchê Tchê joga com ele há muito tempo.”

Rafael Toledo
Atual técnico do Real DF, Rafael Toledo chegou a jogar com Fernando Diniz no Juventus-SP, durante o Paulistão de 2008. Para o comandante do time brasiliense, Diniz saiu do tom, mas não deve ser apedrejado por isso. “É normal, até por serem pontos de vistas diferentes. Discussões mais ríspidas são normais. Evidentemente cada um tem seu jeito de agir. Eu não gosto de xingar, dependendo do estágio que você ofende o atleta, pode ser prejudicial. Não tenho hábito, tem o ser humano ali, não se pode ofender a honra. E o cara se sente no direito de me xingar também. Conheço o Fernando, cara sensacional, do bem, está fazendo um bem para o futebol brasileiro. Se passou um pouco do ponto, ele mesmo deve ter visto. Porque não é normal esse tipo de conduta, tanto que repercutiu demais, foi tão fora da curva que repercutiu muito.”

Mauro Fernandes
Técnico profissional desde 1984, Mauro Fernandes se despediu do Botafogo-PB no fim de 2020. Para o experiente treinador, Fernando Diniz escorregou nas palavras e já deve até ter se retratado. “Infelizmente, isso existe no futebol, mas não é normal. Até pela maneira que foi feita, passou um pouco dos limites, mas tenho certeza que ele já deve ter se retratado. No momento que as pessoas estão de cabeça quente, e ali era uma hora difícil do jogo, acaba tendo discussão mais forte. Mas dificilmente você vai ver outra cena daquela. Nem sonhando (ele teve discussão parecida). Eu sou um cara calmo, as vezes a gente fica nervoso, mas nada que possa ofender a honra. A repercussão maior, claro, é porque todo mundo ouviu. Afetou até o psicológico do atleta, saiu balançando a cabeça, reprovando, ninguém gosta de ser xingado. O Fernando estava de cabeça quente no momento. Mas o que não deve ser falado, não pode ser dito em hora nenhuma, por mais que esteja nervoso.”

Reinaldo Gueldini
Ex-jogador do Flamengo, o experiente treinador, que já chegou a comandar o Atlético-GO na Série A do Brasileirão, também criticou as palavras escolhidas por Diniz. “Depende de como ele se comporta com os jogadores. Não sabemos como é o dia a dia do São Paulo, mas chegar a ofender o jogador assim é ruim, até para o restante do grupo. No dia a dia lá, ele deve estar acostumado a falar assim, mas não pode ofender. Não vou colocar o cara (jogador) para baixo, vou chamar o cara de perna? Se ele é perna é porque é bom jogador”.

O post Exagero ou comum? Técnicos analisam bronca de Diniz em Tchê Tchê apareceu primeiro em Metrópoles.