107 anos até o WO: a história bizarra do Bonsucesso que não foi a campo

Dois dias após completar 107 anos de vida, o Bonsucesso escreveu um dos capítulos mais tristes de sua história. O clube carioca, conhecido por revelar Leonidas da Silva, sofreu WO no jogo contra o Artsul, na última quarta-feira (14/10), pela Série B1 do Campeonato Carioca.

Apesar de os problemas financeiros serem conhecidos e terem acompanhado o elenco desde as rodadas iniciais, a ausência dos jogadores em campo só foi “descoberta” por diretoria e pela comissão técnica minutos antes de a bola rolar.

“Assumi o time na segunda-feira (12/10), no olho do furacão. Os jogadores queriam que o gestor antigo fosse dar satisfação para eles, mas o cara sumiu. Com toda sinceridade, (soube da falta dos jogadores) na hora do jogo. Eu estava lá, os preparadores físico e de goleiro também, o roupeiro… Ficamos lá sentados e nada de chegar. Não sou novinho no futebol, dada uma certa hora, eu já sabia que isso ia acontecer”, afirmou o técnico Paulo Veltri, por telefone, ao Metrópoles.

A situação narrada pelo treinador foi confirmada por pessoas ligadas ao Bonsucesso e até torcedores. César Augusto, um mais fanáticos do time, esteve no Estádio da Rua Bariri, em Olaria, minutos antes do horário do jogo. Ele conta que ajudou o roupeiro a entrar com o material esportivo de aquecimento, mas notou que apenas quatro jogadores estavam no vestiário. “Faltavam uns 20 minutos para o jogo. Aí chega o pessoal do Bonsucesso e fica assim: ‘Aí, você, quer jogar? Joga aí, tem short aqui, não tem camisa, mas tem short. Joga aí’. Aquela coisa de pelada. Os próprios caras do Bonsucesso se sacaneando. Parecia coisa de pelada”, contou o torcedor.

O calote

Um ofício assinado pelo vice-presidente de futebol do Bonsucesso, Nilton Bittar, enviado à Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), tentou explicar a situação. O documento ao qual o Metrópoles teve acesso responsabiliza a empresa H. Carvalho Consultoria e Gestão LTDA, representada por Bruno Lopes de Almeida, pela falta dos pagamentos. De acordo com Nilton, os “inadimplementos sucessivos” resultaram em atrasos salariais, inclusive de um mês aos funcionários do futebol.

A reportagem procurou a empresa citada, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto para apresentar a versão.


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Um jogador, que já se desligou do Bonsucesso, esclareceu o sentimento do elenco antes de o WO ser consumado. Por meio de áudio no WhatsApp, ele acusou “esse tal de Bruno” de não cumprir com os compromissos e incentivou o grupo a não confiar mais no investidor.

“Confiamos a primeira, a segunda e a terceira vez. Até quando vocês vão confiar nesse tal de Bruno? Nós fizemos um grupo de qualidade, de sujeito homem, um grupo que ninguém pegou um centavo para trabalhar em 50 dias de trabalho. Treinamos sem água, fomos para jogo sem uniforme de viagem, fomos para jogo em ônibus de linha, treinamos em campo que a grama batia na canela, entre outras coisas. Até quando vocês vão confiar nesse pilantra?”, desabafa o jogador.

Panos quentes

Em entrevista à Rádio Globo/CBN Rio,  o vice-presidente do clube, Nilton Bittar, tentou amenizar a situação. “Tenho um nome a zelar. Cobro direto. A todo momento. Essa empresa assumiu todas as responsabilidades para pagar tudo. No próximo jogo, teremos jogadores contra o Angra. Foi um problema de gestão para essa partida. Os atletas não sabiam o que fazer e nessa ausência, prejudicaram o Bonsucesso. A diretoria foi enganada igual os sócios”, argumentou Nilton Bittar.

De acordo com o técnico Paulo Veltri, uma reunião na quinta-feira (15/10) serviu como trégua. Ele garante que o Bonsucesso terá jogadores em campo neste sábado (17/10), às 15h, diante do Angra dos Reis. “É feio uma instituição de 107 anos como o Bonsucesso passar por isso, mas a gente não tinha muito o que fazer. Não posso falar da outra empresa, porque não estava lá. Agora estamos conhecendo o elenco. Nesse jogo vamos cumprir a tabela, tentar ganhar o jogo de alguma maneira, mas a gente sabe que o Angra é o líder, está lá em cima na tabela, e vamos tentar jogar de igual para igual. Mas estamos confiantes é para o segundo turno”, afirma.

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