Por Roberto Wagner/Metrópoles
Aos 24 minutos do 2º tempo, o atacante Peninha marca o gol que daria a classificação do Brasiliense à 2ª fase da Copa do Brasil e eliminaria o Paysandu. Após ter confirmado o gol, o árbitro Pathrice Wallace Corrêa Maia recua da decisão inicial, depois de passados 50 segundos, marca impedimento e decide anular o 2 x 1 a favor do Jacaré. O empate por 1 x 1 persiste e, de acordo com o regulamento, o time paraense avança.
O lance decisivo causou revolta entre os jogadores do Brasiliense – o camisa 9, Zé Love, foi expulso após partir para cima da arbitragem. A polêmica, porém, cresceu ainda depois do término da partida, pelo tom de deboche e até vibração ouvidos no vestiário dos árbitros. Em um áudio obtido pelo Metrópoles, é possível escutar a conversa entre os quatro árbitros do jogo sobre o lance capital: os cariocas Pathrice Wallace Corrêa Maia, Lilian da Silva Fernandes Bruno e Carlos Henrique Cardoso de Souza, além do brasiliense Christiano Gayo Nascimento.
“Sou fã de vocês três pra caralho. Estou feliz pra caralho”, inicia a conversa o brasiliense Christiano, que depois passa a citar o lance polêmico. A voz feminina, da assistente Lilian, diz: “Quando tu correu, a gente já falou ‘hummm’, tocou, tocou, tocou… Aí quando tu correu e a galera inflamou, a gente já falou assim, o [Christiano] Gayo até falou: ‘Não deixa reiniciar’. Foi, foi, foi. Aí o que acontece… Aí ficou aquele mimimi”.
A conversa de vestiário revela que, durante o lance polêmico, o quarto árbitro, Christiano, instigou a assistente, posicionada a pelo menos 60 metros de distância do lance, a influenciar o árbitro da partida, Pathrice, a voltar atrás. A assistente Lilian e Christiano conversavam do lado da defesa do brasiliense, oposto de onde ocorreu a jogada, ou seja, totalmente fora do campo de visão e da tomada de decisão dos dois. Christiano agiu rapidamente para impedir que a partida fosse retomada pois, nesse caso, o gol não poderia mais ser anulado.
Na primeira fase da Copa do Brasil, não há a utilização do VAR. No lance capital, o árbitro Pathrice aponta para o meio-campo e o assistente envolvido no lance, Carlos Henrique, inicia a corrida para o meio-campo. Ele é interrompido por jogadores do Paysandu, que o cercam e passam a pressioná-lo, juntamente com o quarto árbitro. Depois de 50 segundos desde a validação do gol, o juiz e o bandeira decidem anular a bola na rede de Peninha.
Fica a questão sobre qual seria a motivação do quarto árbitro para interferir, e se empenhar, na anulação do gol a ponto de comemorar a atuação dos colegas, como mostra o áudio obtido pela reportagem. O resultado mais vantajoso nos sites de apostas seria, justamente, o empate.
Confira o áudio abaixo: