O técnico da Seleção Brasileira, Tite, confirmou a volta do lateral esquerdo Marcelo, no lugar de Filipe Luís. O volante Fernandinho ocupará a vaga do suspenso Casemiro. Ambos farão parte da equipe que jogará contra a Bélgica, na partida válida pelas quartas de final da Copa do Mundo da Rússia, nesta sexta-feira (6/7), às 15h, na Arena Kazan, em Kazan.
“Conversei com o Marcelo e o Filipe Luís, que jogou muito bem os dois jogos. O Marcelo saiu por um problema clínico e não voltou para o jogo contra o México. Já o Fernandinho, normal a entrada dele”, afirmou, durante entrevista coletiva ao lado de Miranda, que será o capitão do Brasil na partida contra os belgas, no revezamento feito pelo treinador.
Tite demonstrou tranquilidade após a conquista da vaga para as quartas de final, ao contrário do início da trajetória da Seleção, quando estava tenso. O treinador confessou estar mais à vontade, principalmente por causa do desempenho dos atletas durante a campanha até aqui, o que lhe deu mais “segurança”.
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“Uma das principais virtudes de uma grande equipe é ser mentalmente forte, me disse Carlos Bianchi, ex-técnico da seleção Argentina. Nem devemos ter euforia nem medo de perder. O discernimento é difícil, mas é preciso encontrá-lo. Há duas semanas disse a eles para acreditarem na forma de treinar intensa que temos. Nós precisamos da equipe toda. Qual é o maior desafio de um Mundial? A capacidade mental. A pressão psicológica é impressionante, extraordinária, chega até as famílias”, confessou.
Segundo ele, o poder criativo da Bélgica é muito forte. O treinador brasileiro afirmou que será um grande jogo, um jogo bonito. “Eles têm valores técnicos individuais, mas conhecemos bem a Bélgica, as jogadas, os valores”, complementou Cléber Xavier, auxiliar técnico da Seleção Brasileira. Tite interrompeu e agradeceu às comissões técnicas do Coritiba e do Atlético-PR, que observaram os belgas em acordo feito com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Neymar
Claro, não poderia faltar a pergunta sobre as quedas de Neymar. Tite não fugiu das respostas. “Ele sabe o preço que pagou para chegar até aqui, lutando contra uma lesão. Ele é um jogador de excelência e retomou seu jogo mais rápido. Em relação às polêmicas com as quedas de Neymar, eu já me manifestei sobre isso. Ele está em altíssimo nível não só com bola e dribles. Ele tem participado em termos defensivos, retomada de bola, ocupação de espaço, desarmes”, enalteceu.
Nesse sentido, o técnico da Seleção Brasileira elogiou a movimentação dos jogadores que fizeram gols de diferentes formas na Copa do Mundo: de fora da área, de cabeça, em jogada trabalhada, em contra-ataque, em jogada de linha de fundo. Segundo ele, a característica dos atletas permite essa diferenciação nos gols. “A Seleção tem velocidade para sair em transição rápida. No último terço do campo temos o drible, o um contra um. Douglas Costa, Neymar, Gabriel Jesus, Philippe Coutinho, Willian, Taison. Todos têm uma característica marcante de ir para cima. Faz parte do repertório dos atletas, não do técnico”, confessou.
Ao mesmo tempo em que confessou não gostar de pênaltis como uma forma de definir o vencedor de uma partida. “Batida de pênalti é o cão. Um jogo de futebol não deveria terminar em penalidades máximas. Não vejo como um atributo que te credencie. Treina-se, sim. Porque há técnicas de batida, associadas a um componente emocional. É um peso muito grande, uma responsabilidade muito grande. Não deveria existir nesse sentido de determinar um vencedor”, lamentou. Uma observação: na Copa dos pênaltis, o Brasil ainda não colocou a bola na cal para cobrar ao menos um.
O treinador está otimista em relação ao jogo contra a Bélgica, que venceu as quatro partidas até aqui, contra Panamá, Tunísia, Inglaterra e Japão.
E esse time, aliás, é a Bélgica, o melhor ataque do Mundial da Rússia, com 12 gols. O Brasil fez sete.
Miranda
Nesse sentido, o zagueiro Miranda, que será o capitão brasileiro contra os belgas, está confiante. “Nós estamos acostumados a jogar em alto nível. Sabemos da dificuldade do jogo, pois a Bélgica é um adversário muito forte. Para vencer, teremos que fazer o nosso melhor porque do outro lado tem um grande time”, disse, ao mesmo tempo em que confidenciou a tática para conter o forte ataque belga, com Hazard, Lukaku e Mertens, além de De Bruyne.
“A principal maneira de parar o adversário é ficar atento. Eles têm vários jogadores decisivos, mas estamos preparados para neutralizar as armas do adversário. A gente também conhece as provocações, é uma maneira de demonstrar confiança, de esconder o medo”, falou a respeito do fato de Kompany, zagueiro belga, ter dito que já pensava nas semifinais. “A provocação, muitas vezes, é uma forma de esconder o medo, de passar confiança para o resto do time. Normal.”
Sobre seu parceiro de zaga, Thiago Silva, o capitão Miranda afirmou que é um jogador de alto nível, um grande defensor e que está fazendo uma Copa do Mundo extraordinária. “Já atuamos na Seleção Brasileira há mais de dez anos juntos, temos um entrosamento grande”, elogiou.
Um entrosamento que será bastante testado contra a rápida e forte ofensiva dos belgas, loucos para provas que a tão decantada nova geração está pronta, enfim, para conquistar um título mundial. A questão é que do outro lado do campo, na Arena Kazan, os belgas vão enfrentar os 11 de Tite. Ou os 14, afinal, todo mundo está entrando bem nos jogos, não é mesmo professor?
“O jogo e as circunstâncias vão se desenhando ao longo da partida. Vou fazer uma confidência a vocês. Eu disse ao Firmino: ‘Cara, você merecia ter entrado pelos bons jogos que fez’. O Firmino só me respondeu: ‘Professor, eu estou feliz pra caramba’, vejam só.”
Que continue assim, Firmino. Que continue assim.