Em uma Copa do Mundo com grande repercussão de casos de machismo e assédio a torcedoras e jornalistas, há um marco positivo nesse sentido. A croata Iva Olivari, de 49 anos, faz história na Rússia ao ser a primeira mulher a se sentar no banco de reservas em um Mundial da Fifa. Ela chefia a organização do time da Croácia, uma das semifinalistas do torneio.
Iva Olivari é chefe de seleções, trabalho equivalente ao desempenhado por Edu Gaspar na CBF. É ela a responsável pela logística de viagens, atendimento às necessidades dos jogadores, planejamento de competições e interlocução com equipes de base. Trata-se de profissional importante no time, chamada carinhosamente pelos atletas de “tia Iva”.
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Seu trabalho pelo esporte croata tem longa trajetória. Ex-tenista, Iva Olivari se destacou como campeã nacional da antiga Iugoslávia, até encerrar a carreira após seguidas lesões no pulso. Quando a Croácia se tornou independente, em 1992, os dirigentes criaram a federação do país e logo contrataram Iva para responder pela organização da entidade.
Sua função inicial foi cuidar do registro dos atletas do novo país e ajudar na criação de campeonatos regionais. A tarefa fez Iva Olivari se tornar próxima de craques como Davor Suker. O atacante artilheiro da Copa do Mundo de 1998, quando a Croácia também foi semifinalista, se tornou presidente da federação em 2012 e promoveu Iva à chefia de seleções.
A dirigente teve atuação decisiva na preparação da campanha da Croácia na Rússia. Em outubro, antes da repescagem para a Copa do Mundo, a federação tomou a decisão de trocar de treinador e apostar em Zlatko Dalic, amigo de Iva Olivari desde as anos 1990. Após a classificação, Iva foi à Rússia inspecionar locais para a equipe se concentrar e escolheu a calmaria e o isolamento de um resort em Illichevo, a cerca de 60 quilômetros da grande São Petersburgo.
A estreia de Iva Olivari no banco de reservas do time se deu na Eurocopa de 2016. A chefe da seleção costuma se sentar perto do técnico e auxiliar em procedimentos do jogo, como as substituições. Durante os treinos, ele conversa com os jogadores. “Nós (mulheres) não temos de jogar futebol para sermos representadas. Podemos fazer várias coisas que tenham conexão com o esporte, como a administração”, disse.
Iva Olivari sonha em fazer história. Se a Croácia ganhar a Copa do Mundo de 2018, a ex-tenista será a primeira mulher com chance de ter em mãos o troféu de campeão do mundo.