O artilheiro Romelu Lukaku, seu reserva Batshuayi e o zagueiro Kompany têm ascendência congolesa. O meia Adnam Januzaj é do Kosovo. Fellaini e Chadli são de origem marroquina. O pai de Dembélé é do Mali. O atacante Eden Hazard, capitão da equipe, nasceu no sul da Bélgica, mas parte de sua família paterna é marroquina. A Bélgica é uma mistura de nacionalidades, quase um time de imigrantes, que revive a imagem multicultural e multiétnica da França de 1998, exatamente o seu rival na semifinal da Copa do Mundo, nesta terça-feira (10/7), em São Petersburgo. Dos 23 convocados do time que tirou o Brasil da competição na Rússia, 11 têm origem imigrante.
As histórias de cada um toca, em algum momento, na discriminação e na superação. Em um depoimento que já se tornou emblemático, Romelu Lukaku repetia que era considerado belga apenas quando fazia gols. Quando os perdia, era de origem congolesa. Foi o ex-jogador francês Thierry Henry, hoje auxiliar técnico da equipe, que viveu situações parecidas, quem o ensinou a ignorar as críticas preconceituosas. Além disso, sempre conviveu com a desconfiança em relação à sua idade e à sua documentação nas categorias de base.
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Michy Batshuayi, reserva de Romelu Lukaku, também é filho de pais congoleses. Recentemente, passou a conviver com uma referência incômoda: foi criado no bairro de imigrantes Molenbeek, em Bruxelas, o mesmo que ganhou fama internacional por ser a origem do grupo que orquestrou os ataques a Paris em 2015, causando 137 mortes.
O meia Adnan Januzaj nasceu na Bélgica, mas seus pais são do Kosovo, território que luta por ter a sua independência da Sérvia reconhecida. Após marcar um gol contra a Inglaterra, ele preferiu não tocar em política. Xhaqa e Shaqiri, que defendem a Suíça, mas também têm raízes kosovares, lembram a disputa política na comemoração de seus gols (e foram multados por isso).
Filho de pais marroquinos, o meia Nacer Chadli chegou a jogar pelo Marrocos. Em 2010, participou de uma partida contra a Irlanda do Norte. Mas como foi um jogo amistoso, não teve problemas para defender a Bélgica a partir de fevereiro de 2011. “Não queria me arrepender. Eu queria estar 100% certo de que queria jogar pela Bélgica. Ainda amo Marrocos, mas pensei melhor e decidi mudar”, disse ele, que atua no West Bromwich, da Inglaterra.
Independentemente da origem, os jogadores da Bélgica afirmam que a vitória sobre o Brasil representou uma injeção de confiança. “Se você consegue vencer o Brasil, não deve ter medo de ninguém. Respeitamos a todos, mas se nós jogarmos com medo, não seremos capazes de vencer a França”, disse Nacer Chadli, em entrevista coletiva neste domingo.