Depois de uma estadia tempestuosa na Rússia, durante a Copa do Mundo, o técnico Jorge Sampaoli ficou sem parte de sua equipe técnica na seleção da Argentina. Os assistentes Sebastián Beccacece e Nicolás Diez e o segundo preparador físico Martín Bressan rescindiram contrato em comum acordo com a Associação Argentina de Futebol (AFA), afirmou a entidade em comunicado oficial neste sábado.

Beccacece já foi apresentado como novo treinador do clube Defensa y Justicia, que disputa o Campeonato Argentino. Ele será acompanhado por Diez e Bressan no time.

A notícia da saída do trio da seleção argentina acontece no momento em que a AFA tenta acertar com Sampaoli o seu desligamento após a decepcionante apresentação da equipe alviceleste no Mundial da Rússia, em que foi derrotada pela França, por 4 x 3, nas oitavas de final, após passar pela fase de grupos com grande sofrimento.

Em sua última aparição pública após aquela partida, realizada no dia 30 de junho, o técnico disse que não pretendia renunciar ao cargo. Seu contrato se estende até a Copa do Mundo do Catar, em 2022. Para demitir Sampaoli, a AFA terá de desembolsar US$ 20 milhões de dólares (cerca de R$ 77 milhões) de multa, uma quantia que as finanças da instituição não permitem que seja paga, diante de anos de má administração da entidade. O presidente da AFA, Claudio Tapia, permanece em silêncio.

Beccacece não confirmou ou negou as versões de uma briga com Sampaoli durante a Copa do Mundo, que teria sido o motivo da separação da dupla. O treinador também perdeu o apoio dos torcedores argentinos, que o apontam como principal responsável pela derrocada na Copa porque o treinador nunca repetiu a escalação da equipe e mudou esquemas táticos sem obter bons resultados.

Durante o Mundial, os jogadores fizeram um motim contra as decisões do técnico. Dois veteranos levantaram suas vozes para deixar claro o desconforto. O volante Lucas Biglia disse que nenhuma das variantes defensivas testadas pelo treinador valeu a pena e não era conveniente tantas mudanças de esquema com o pouco tempo de preparação para a competição. O meio-campista Javier Mascherano, que anunciou sua aposentadoria da Argentina após a eliminação, também reclamou de Sampaoli durante a competição.

Em pesquisa feita junto a 2.000 argentinos, pela consultoria Giacobbe & Asociados, 43,8% dos entrevistados disseram que Sampaoli foi o principal responsável pelo fracasso da seleção na Copa do Mundo. Quando os entrevistados foram solicitados a definir o técnico com uma palavra, a maioria escolheu “inútil”.

Argentina planeja um amistoso em setembro contra a Guatemala, em Los Angeles, nos Estados Unidos. A próxima competição oficial será a Copa América, em meados de 2019, no Brasil.

Assim como a saída do Sampaoli não parece simples, achar um substituto também é complicado neste momento. Os treinadores que vistos com bons olhos pelos torcedores hoje estão empregados e não parecem muito dispostos a embarcar nas oscilações da seleção.

Diego Simeone (Atlético de Madrid), Marcelo Gallardo (River Plate) e o próprio Mascherano, que ainda é jogador do Hebei Fortune, da China, aparecem no topo das preferências da pesquisa. Também são citados José Pékerman e Ricardo Gareca, que concluíram seus contratos com a Colômbia e Peru, respectivamente, após o Mundial e ainda não confirmaram se vão renovar compromisso.